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A educação brasileira é marxista? Entenda a ideologia e suas aplicações.

Por Welli Galindo


Após a declaração, em agosto deste ano, do presidente eleito Jair Bolsonaro de que simpatiza pelo ensino à distância para evitar o Marxismo, agora foi a vez do ministro da educação escolhido para compor o seu governo. Ricardo Vélez Rodríguez afirmou nesta segunda-feira (26), em um evento em Londrina, que “não podemos ficar reféns de uma doutrinação de cunho marxista que terminou prevalecendo em muitas universidades”. Afinal, em meio a tanto repúdio a esse pensamento, você sabe o que é de fato o Marxismo?


Essa ideologia critica o capitalismo e defende uma sociedade de classes igualitárias. O sistema pode ser comparado ao Socialismo puro e simples, porém, Karl Marx e Friedrich Engels – os idealizadores do Manifesto Comunista – estudaram a sociedade em uma metodologia mais científica. Em 1848, os dois revolucionários pararam para analisar a própria realidade que viviam e chegaram a conclusões sobre propriedade e relações produtivas.


Para os marxistas, a sociedade moderna vive em interesses opostos entre as classes que possuem e as que não possuem o domínio dos meios de produção. Para quem não possui os recursos, a única opção que resta é vender sua força de trabalho e se tornarem empregadas daqueles que detém o poder.


Apesar de haver muito boato e contradição sobre essa ideologia, poucas dessas afirmações chegam próximo à ideia real do movimento. O site ‘Mises Brasil’, afirma que “o evangelho de Karl Marx pode ser resumido em duas frases: Odeie o indivíduo mais bem-sucedido que você. Odeie qualquer pessoa que esteja em melhor situação do que a sua”. Porém, a ideia não é bem essa. O intuito do Marxismo é discutir sobre o sistema econômico do ponto de vista do trabalhador, de quem não possui poderes, que, geralmente, é a maioria da população. A proposta é refletir sobre a necessidade de melhoria das condições desse grupo e, assim, agir para romper – ou pelo menos, em um primeiro passo, diminuir – as desigualdades sociais.


Ao contrário do que o nomeado ministro da educação afirma, uma grande parte da população deseja sim ingressar em uma universidade, mas estes não possuem oportunidade. Segundo uma pesquisa divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no Brasil, apenas 17% dos jovens adultos entre 24 e 34 anos conseguem atingir o nível superior. Essa taxa aumentou em 7% desde 2007, mas este desempenho ainda está cerca de 27 pontos percentuais abaixo da média calculada dos outros países.


Além de discutir desigualdade social no aspecto financeiro, é preciso refletir sobre discriminação. Nesse mesmo dia, em que foi homenageado na faculdade particular Positivo, onde leciona, Vélez afirmou que é preciso “preparar a prova [Enem] com muito carinho, para que não se torne um veículo de disseminação de determinadas posições ideológicas ou doutrinárias”.


Essa declaração se refere à polêmica causada em torno do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), deste ano, no qual havia uma questão que tratava sobre o “dialeto secreto” utilizado entre gays e travestis. Será que discutir e tentar abonar o preconceito – nas suas mais variadas aplicações – é tentativa de doutrinação ou de uma sociedade, minimamente, igualitária?




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